A GUERRA DO HEZBOLAH NO LÍBANO

O QUE SE DESENVOLVE NO MOMENTO

O Hezbolah é uma organização terrorista instalada no Líbano pelo Irã desde 1981. A minha forma de avaliar a história do Hezbolah é a partir da visão dos Libaneses que sofrem com esse estado paralelo instalado pelo Irã que destruiu a soberania do Líbano e fez continuar a guerra civil até o cessar fogo em 1991.

O Líbano é uma nação independente desde a invasão da França pelos Alemães Nazistas ainda em 1941. Formada a partir do acordo Sikes-Picot, essa região ficou sob o Mandato Francês, que substituiu o controle Otomano que dominou a região até sua queda no início do século XX.

O Líbano é um país que tem uma significativa população Católica Maronita e um esquema de governo foi criado para equilibrar os interesses da maioria Muçulmana, suas falanges Sunni e Shiita e a os Gregos Ortodoxos.

Esse arranjo fez com que o presidente seja sempre um Cristão Maronita, o primeiro ministro um Muçulmano Sunita, o líder do parlamento (speaker) seja Muçulmano Shiita e o vice primeiro ministro um Católico Ortodoxo Grego. No momento, não há presidente, uma quebra do acordo que deixa a população Cristã Maronita distante do poder.

Quando as Nações Unidas criaram o estado de Israel, o Líbano se juntou aos outros estados Árabes – Egito, Transjordânia, Iraq, Syria, Libano, Arabia Saudita e Yemen – na Guerra contra Israel. Com a invasão da Faixa de Gaza pelo Egito e a invasão da Cis-jordânia pela Transjordânia, os Palestinos na região foram expulsos e 100 mil se refugiaram no Líbano, não conseguindo retornar para os territórios anexados pelos países Árabes. Essa população cresceu e os descendentes vivem no Líbano, como refugiados.

É preciso ver a história: quem invadiu a Faixa de Gaza e expulsou os Palestinos foi o Egito. Quem invadiu a Cis-Jordânia foi a Transjordânia, que anexou o território na guerra de 1948. Se não acredita, é só abrir um livro de história ou consultar on line.

O rei Abdulah da Jordânia, ao anexar a Cis-Jordânia ofereceu aos Palestinos residentes, a cidadania Jordaniana. Em 1954 o rei Adbullah garante cidadania Jordaniana plena aos Palestinos.

Em 1964 na cupula do Cairo, Egito, se forma a OLP – Organização pela Libertação da Palestina – com um dirigente Egipcio, não Palestino. A OLP realiza operações terroristas contra o abastecimento de água de Israel, ataca transportes públicos e Kibutzin em Israel.

As guerras contra Israel se repetem e em 1967, com a nova derrota na guerra dos Seis-Dias, os guerrilheiros Palestinos se refugiam na Jordânia. Pois nesta guerra, a Jordânia perdeu a Banco Ocidental e o Egito perdeu a Faixa de Gaza e a península do Sinai.

Apesar da generosa oferta de cidadania da Jordânia, os guerrilheiros, da OLP passam a formar um estado dentro do estado, formando um exército e cobrando impostos da população Jordaniana e atentando contra a vida dos oficiais Jordanianos.

Um outro grupo, agora de orientação Marxista com treinamento e assistência técnica do KGB soviético. , a FPLP – Frente Popular pela Libertação da Palestina – realiza em 1970 os sequestros do aeroporto de Dawson, onde várias aeronaves são sequestradas simultaneamente em operações coordenadas. São sequestrados o voo TWA 741, o Swissair 100, o El Al 219 e BOAC 775. Três das aeronave são explodidas espetacularmente e os governos respectivos negociam o retorno dos passageiros sequestrados.

O crescimento do poder da OLP e FPLP dentro da Jordânia ameaçava o regime e pouco tempo depois dos sequestros do aeroporto Dawson, o rei Hussein expulsa os Palestinos da OLP e FPLP, que são enviados para o Líbano, de acordo com o tratado do Cairo, assinado pelo presidente do Egito, Gamal A. Nasser, Yasser Arafat e um general Libanês, Emile Bustani, que se revelou um corrupto e acaba se refugiando na Syria.

A OLP se estabelece no Líbano, criando um estado dentro de outro estado. Os refugiados passam ao controle da OLP, que usa dessa população para formar mais terroristas.

As tensões entre governo e guerrilha se tornam insustentáveis e eclode da Guerra Civil do Líbano, que vai durar de 1975 até 1990, destruindo um dos mais belos países do Oriente Médio. A guerra é sustentada pela rivalidade entre os Cristãos Maronitas contra os Muçulmanos e entre os Muçulmanos há uma disputa entre os Sunitas e os Shiitas, cada um dos grupos recebendo ajuda militar externa. A União Soviética fornece armamento para os Muçulmanos. Uma coalizão de Alemães, Bulgaros, Romenos e Israelenses proveu armementos para os Maronitas.

Em 1978 a OLP invade Israel e sequestra um ônibus e mata todos os passageiros. Esse foi a gota d´água, mas desde 1968 a OLP ataca o norte de Israel diuturnamente, com foguetes e com ataques terroristas. Esses ataques foram devidamente retaliados com a destruição das bases terroristas.

Israel passa a colaborar com o governo Libanês na Guerra Civil Libanesa e invade o Sul do Líbano, a intervenção Israelense derrota a OLP nos campos do sul e a ONU decreta a resolução 425, onde convenientemente só o governo Libanês e o governo Israelense tem obrigações, deixando a OLP livre para continuar a guerrilha.

O governo Israelense transfere sua área de controle, conquistada contra a OLP ao governo Libanês.

A cooperação entre Israel e o governo Cristão Maronita se fortalece, com o primeiro ministro de Israel declarando que não vai permitir o extermínio dos Cristãos nessa guerra.

A ONU manda uma operação de paz para a região, a UNIFIL, que deveria formar uma área segura no local, mas fracassa. Israel em auxílio do governo Libanês ataca as posições da OLP no sul do Líbano, se envolvendo mais e mais na guerra civil.

É curioso que o secretário geral das Nações Unidas nessa época (1972 a 1981) é Kurt Waldheim, um criminoso Nazista, chefe de inteligencia do exército Nazista da Alemanha e colaborador das SS sendo banido de entrar nos Estados Unidos, seu visto sendo cassado em 1994.

Os Israelenses se envolvem mais e mais na Guerra civil, culminando com a invasão terrestre do Líbano em 1982, a Operação Paz para a Galileia, com o objetivo de criar um zona desmilitarizada de 40 quilomentros entre Israel e os conflitos. Essa invasão é bem sucedida militarmente mas é recebida com alarme pela opinião pública. No final, a OLP enfraquecida é praticamente removida do local e recebida em Tunis, Tunísia onde a OLP monta seu quartel general.

Israel inicia a retirada do Líbano, mas o Irã, que dava apoio militar aos Shiitas e que com a Revolução Islamica do Irã passa a ser uma república Islamica vê na derrota da OLP a chance de estabelecer o Hezbolah como novo agente anti Israel no Líbano.

Israel inicia sua retirada do Líbano e imediatamente começa a ser atacada com foguetes.

Em 23 de Outubro de 1983 o Hezbolah ataca as bases Americanas e Francesas em Beirute, matando 307 pessoas. Quem operou o ataque, Ibrahim Aqil, foi assassinado recentemente. Aqil era o segundo em comando no Hezbolah.

Israel negocia a paz com Egito, faz os acordos de Oslo, reconhece a OLP, remove todas as tropas do Líbano em 2000. Israel entrega a Faixa de Gaza e o banco Ocidental para a Autoridade Palestina.

Mas não obtém nenhuma paz com o Hezbolah. O Hezbolah, Hamas, assim como antes a OLP, não honra seus compromissos em acordos internacionais.

A OLP recebeu a soberania da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Na Faixa de Gaza se envolveu em uma guerra civil instantânea, com a Fatah sendo derrotada e o Hamas assumindo o controle. E como o acordo de paz foi assinado com a OLP e não com o Hamas, este não se sente obrigado a cumprir o acordo.

Em 7 de Outubro de 2024 o Hamas invade Israel cerca de 24 quilômetros e realiza o ataque surpresa na manhã de um domingo, matando 1200 Israelenses desarmados. Esse ataque foi muito mais do que um ataque terrorista.

A estratégia do ataque era derrubar o governo Netanyahu e negociar termos de um novo acordo de paz com Israel. O gabinete de Netanyahu se firmou e o único adversário de Netanyahu, Benny Gantz é um general aposentado que apoia a reação militar contra os terroristas. Outros politicos de peso também se alinharam com Netanyahu contra os terroristas.

Relatórios reservados de inteligência informam que o Hezbolah estava preparando um novo ataque terrorista muitas vezes maiores do que o de 7 de Outubro de 2024. Com essa informação o governo Israelense iniciou uma operação de neutralização dessa ameaça, que culminou com as ações de Setembro de 2024.

Dos dez comandantes identificados do Hezbolah, seis foram mortos em ataques militares, alguns inclusive no Irã.

A rede de comunicações do Hezbolah foi desmantelada com a explosão dos “pagers” usados pelos terroristas para se comunicar. Quem morreu era quem estava se comunicando com os chefes do terrorismo.

A fraca governancia de Joe Biden e o desejo de apaziguar os adversarios mais brutos deixou que o Irã tomasse a liderança contra Israel. Biden também enfraqueceu a Arabia Saudita, deixando os guerrilheiros Houthis dominarem o sul da península Arábica, colocando em risco o Canal de Suez.

Os Iranianos querem que o preço do petróleo suba e o conflito armado na região é a melhor aposta do regime, que enfrenta protestos nas ruas todos os meses.

Israel está se defendendo. Vamos ver se vai ser bem sucedido.