A guerra da Ukrania, a invasão do território Ucraniano pelos Russos tem uma ala que se transformou em uma guerra de drones.
Ao invés de utilizarem equipamentos de ataque que custam milhões de dólares para destruir equipamentos de defesa que custam milhões de dólares, os dois lados adotaram o uso de drones que custam milhares de dólares para tentar destruir ativos militares que custam milhões de dólares.
Isso é possível quando se usa drones comerciais para uso militar. Adaptações de drones usados para transportar pequenas cargas podem ser usados para lançar explosivos sobre os alvos a custo baixo. E principalmente, sem colocar em risco os pilotos, que no caso dos drones, ficam longe da área de combate, eventualmente em bunkers protegidos.
Os Russos conseguiram um aliado inusiado. O Irã está fornecendo aos Russos drones de sua propria criação, que são bastante eficazes e produzidos em massa. Curioso que o Irã sempre temeu o vizinho que anexava territórios, mas agora abraça a ameaça como aliado na guerra contra a Ucrânia.
Na última semana sete refinarias na Rússia foram atacadas por drones, uma delas nas cercanias de São Petersburgo, mais de mil quilômetros da fronteira com a Ucrânia. Essa refinaria sofreu danos suficientes para que tivesse uma “parada não programada”.
Não é apenas uma refinaria que é danificada. O efeito de uma refinaria parada é muito maior do que se pensa. O processamento de petróleo é contínuo. Desde a extração do petróleo do solo até a bomba de gasolina, tudo deve ser harmonizado a um nível de produção.
A pior parte é o refino. O petróleo de origem conhecida é recebido pela refinaria e eventualmente misturado com outros petróleos para ser refinado e produzir o perfil desejado de gás natural, etileno, propano, butano, naftas e óleos combustíveis. Os produtos muito desejados são diesel e querosene de aviação, que são menos presentes do que os outros produtos.
Quando uma refinaria pára, não há muito espaço para armazenar petróleo cru por muito tempo. Um país como o Brasil consome cerca de 4 milhões de barris de petróleo por dia. Se uma refinaria como a de Paulínea – REPLAN – for atingida e for necessário uma parada, cerca de um milhão de barris de petróleo terão que ser armazenados. Se a parada for de uma semana, serão sete milhões de barris. O maior petroleiro do mundo tem capacidade para dois milhões de barris. E este petroleiro provavelmente já está cheio de petróleo em algum lugar do mundo.
O resultado de um ataque drone é que a refinaria pode parar e a produção de petróleo associada àquela refinaria também pode ser atingida, com uma diminuição que pode ou não ser reversível, ou seja. Pode se diminuir a retirada de petróleo do poço, mas depois o poço não vai produzir na mesma quantidade.
E a parada custa tem custos de lucros cessantes. Cada dia de parada acrescentam custos e mais custos para a operação e perdas de produção que não serão repostos. E a economia vai sendo prejudicada.
A guerra de drones mudou o cenário da invasão da Ucrânia e pode desgastar a economia Russa com mais intensidade do que se havia pensado.
A vantagem no empate na guerra já não pertence à Russia.
Referencias.
Russian refineries targeted by Ukraine’s drones | Reuters https://www.reuters.com/business/energy/russian-refineries-targeted-by-ukraines-drones-2024-03-18/
How China, Russia and Iran are forging closer ties (economist.com) https://www.economist.com/finance-and-economics/2024/03/18/how-china-russia-and-iran-are-forging-closer-ties