A POLÍTICA DE TARIFAS RECÍPROCAS DE TRUMP NÃO BENEFICIA SÓ OS ESTADOS UNIDOS
A decisão de Donald Trump de aplicar tarifas recíprocas aos países que querem vender mercadorias aos Estados Unidos mas que mantém tarifas altas para os produtos que compram é uma decisão de risco que pode expor o mundo a uma recessão.
Porém é uma aposta interessante. O momento que esse movimento acontece é único e favorável aos Estados Unidos e ao livre comércio.
CENÁRIOS DOS PAÍSES COMPETIDORES – EUROPA
A Europa está à deriva. Ursula Von der Leyen é uma burocrata de pouca habilidade como demonstrou durante todo o mandato. Não é capaz de oferecer uma solução para o conflito na Ucrânia, não é capaz de solucionar os problemas de imigração na Europa e não tem sequer os votos, pois foi nomeada a partir de um conchavo realizado a portas fechadas.
A Alemanha está sem governo. O cabinete presente está sob o risco de ser desfeito a qualquer sessão do Reichstag e o primeiro ministro – chanceler – alemão age como se estivesse apenas esquentando a cadeira, enquanto a Alemanha passa por uma grave crise econômica devido ao desastre de se associar à Russia para obter energia e descomissionar as usinas nucleares. Agora a Alemanha está queimando turfa, browncoal, uma forma extremamente poluente de combustível fóssil e está alienando o Partido Verde, que dava sustentação.
A França de Micron – Macron – está rachada. Há três partidos com 20% a 30% dos votos. O partido de Micron é o menor.
O governo é tão ruim que apelou a uma condenação criminal para remover a candidata da oposição da eleição. Essa condenação é muito suspeita e a rapidez como obtiveram o resultado tem todos os indícios de ação do palácio Eliseu no sistema jurídico. Além disso, Micron – o pequeno – perdeu a credibilidade quando prometeu que iria mandar caças Rafale para obter a supremacia aérea sobre a Ucrânia, mas não mandou nenhum avião para lá. Micron também prometeu mandar armamento, mas a quantidade é pífia, mesmo se compararmos com Alemanha em crise e Polônia e Suécia, países menores.
O Reino Unido está com o governo Starmer à deriva. Perdeu o apoio popular, mas o parlamento Britânico está totalmente na mão do partido Trabalhista, de forma que o governo Starmer – ou trabalhista – continuará sangrando sem solução por mais três anos, sem condições de alterar suas políticas. Aliás, Starmer prometeu soldados na Ucrânia, mas é incapaz de faze-lo porque o orçamento de defesa do Reino Unido foi cortado todos os anos, deixando o poder militar uma fração do que foi.
MEXICO
O México goza de um tratado de livre comércio com os Estados Unidos e está muito mais protegido do que o resto do mundo contra tarifas americanas contra seus produtos. O problema é que o México tem se vitimizado e violado o tratado, criando barreiras para a importação de produtos. Essas barreiras, ironicamente, são a causa e motivo do aumento de custo de vida no México, que gera crises e insatisfação com o governo socialista atual.
O México tem a vantagem de ser um país próximo com mão de obra barata para ser explorada. O problema é que há duas formas dessa mão de obra ser explorada. Pode ser explorada no México ou nos Estados Unidos. Trump quer que a manufatura seja feita nos Estados Unidos, é claro, mas os detalhes de negociação podem ser surpreendentes, com soluções de triagem de imigrantes qualificados e até zonas especiais de exportação no México.
O segundo problema do México é o narcotráfico que tomou dimensões enormes e que passou a afetar os governos estaduais e o governo federal também. Os traficantes são uma fonte significativa da balança comercial e passaram a financiar campanhas eleitorais.
Finalmente há o problema da China usar do México como uma “maquilladora” para exportar para os Estados Unidos produtos feitos na China e que entram nos Estados Unidos pelo USMCA. Trump quer eliminar esse defeito.
CANADA
O outro parceiro do USMCA é o Canadá, parceiro de primeira hora dos Estados Unidos, mas que teve uma forte deterioração durante o governo de Justin Trudeau. Em 2010 o GDP per capita do Canadá era igual ao dos Estados Unidos. 53 mil dólares per capita.
Em 2021, o GDP per capita dos Estados Unidos é 83 mil dólares e o dos canadenses continua nos 53 mil dólares. Uma queda comparativa de 36% na média. Como sabemos a disparidade é ainda maior para os muito pobres e para os muito ricos. Trudeu fez os pobres canadenses ficarem na miséria e enriqueceu muito os milionários canadenses.
O Canadá fracassou na retomada do Covid-19 e as políticas de Justin Trudeau de criminalizar os caminhoneiros e de manter o lock down por mais tempo com maior rigor selou o destino.
Houve recentemente a troca do primeiro ministro Trudeau, que renunciou e foi indicado um novo primeiro ministro que não foi sequer eleito para o parlamento canadense e que tem uma lista de escandalos sociais e financeiros em seu histório.
A pior parte é que se trata de um milionário socialista que prega mais radicalismo de esquerda para o governo. É um plagiarista confesso, assim como Joe Biden. É acusado de violação de direitos de indíginas enquanto lider de empresa de investimento Brooksfield.
CHINA
A China optou por aumentar as tarifas e exigir que os Estados Unidos removam as tarifas extras. O PCC exige que o presidente da China Comunista seja confrontador e não negocie, porque negociar seria demonstrar fraqueza.
O movimento de Trump vem em um péssimo momento para a China Comunista, que enfrenta deflação nos últimos meses e que só tem alguns meses de inflação porque o PCC controla o índice publicado. A economia é extremamente dependente de exportações que, com as tarifas americanas, cessam imediatamente.
Movimentos financeiros mostram que não apenas a Evergrande e a Country Garden estavam extremamente alavancadas, com dívidas muito maiores que seus ativos ou sua capacidade de pagamento. Aparentemente dos 500 fabricantes de veículos elétricos da década passada, 300 desapareceram em falências ou em consolidações, com grau até mais elevado de alavancagem.
O problema da alavancagem é que o pagamento dos juros da dívida podem ser atrasados se houver um disturbio no fluxo de caixa, como acontece no caso das tarifas dos Estados Unidos e da Europa contra os carros elétricos chineses. A empresa atrasa o pagamento dos juros e os bancos podem exigir o pagamento integral do empréstimo. O grau de alavancagem médio na China é de 290%. Na Inglaterra, é de 40%.
A origem do financiamento das empresas chinesas é o Partido Comunista. Quando as empresas falirem, é o capital do povo que vai evaporar. A poupança de dezenas de milhões de pessoas vai simplesmente desaparecer.
O pior que pode acontecer para a China na revolução tarifária de Trump é que outros países como Viet Nam, Malasia, Taiwan e mesmo Japão e Coreia do Sul podem obter termos mais interessantes de comércio com os outros países enquanto a China comunista fica exigindo a capitulação dos Estados Unidos.
RUSSIA
Depois da invasão da Ucrania e a nacionalização das empresas estrangeiras, a Russia precisa de um grande perdão mundial para sequer obter crédito. A expropriação das fábricas e empresas do resto do mundo não será esquecida tão cedo.
Apenas aventureiros que exigirão altas taxas de retorno e garantias reais irão negociar com a Rússia além de materias primas como petróleo, combustível, fertilizantes. A chance de qualquer empresa séria investir dezenas de bilhões de dólares em manufatura na Russia para obter retorno em dez anos é praticamente nula.
A única indústria manufatureira ainda relevante na Russia é a armamentista, que está 100% engajada na guerra contra a Ucrania e não consegue sequer atender ao exército Russo, que está importando armamento.
TARIFAS SÃO APENAS UMA PARTE – OS ACORDOS DE REGRAS NÃO TARIFÁRIAS SÃO MAIS IMPORTANTES
As tarifas são a parte visível, mas o governo Trump anunciou que haverá acordos feitos sob medida para cada país.
O fato de Viet Nam baixar as tarifas a zero são pouco significativas. O VietNam é um país pequeno com economia pequena. O mesmo se passa com Honduras e outros países.
O que importa são os termos dos acordos bilaterais. Se honduras fizer a triagem, seria possível organizar a imigração de Hondurenhos para os Estados Unidos, com visto de trabalho e com a triagem seria possível que estes trabalhadores tivessem contas bancárias e vantagens. Isso poderia ser até temporário para a colheita, por exemplo.
Os termos bilaterais com a Europa criaria um padrão de qualidade automotiva para que os carros europeus pudessem ser vendidos nos Estados Unidos e também os carros Americanos serem vendidos nos Estados Unidos. A real vantagem seria que os carros fabricados no Japão e Coreia do Sul poderiam ser vendidos na Europa também e os carros europeus e americanos poderiam ser vendidos no Japão e na Coreia do Sul.
Hoje é impossível vender carros europeus ou americanos no Japão porque há barreiras não tarifárias. Há possibilidade de se inventar regras durante a importação, o que impede o comércio. O mesmo acontece com carros americanos na Europa. A Europa simplesmente não aceita importar carros japoneses, coreanos ou americanos e inventa regras não tarifárias para isso.
O Brasil tem dificuldades de vender grãos para a Europa porque a Europa inventou uma regra que sementes geneticamente modificadas não podem ser importadas por países europeus. Essa regra ainda está em prática, mas desde que a maior produtora de sementes geneticamente modificadas – Monsanto – foi comprada pela europeia – por enquanto – Syngenta, a regra caiu. Ainda assim a Europa se recusa a comprar grãos dos Estados Unidos e do Brasil. Essa revolução pode melhorar o acesso do Brasil ao mercado europeu.
O RESTO DO MUNDO
Com a sacudida que Donald Trump fez no mundo, as barreiras tarifárias e não tarifárias podem ser renegociadas.
Países exportadores de grãos como o Brasil e Argentina passam a ter mais acesso aos mercados europeus e os mercados asiáticos. O Brasil passa a poder comprar produtos produzidos na África que eram destinados à Europa, mas que ficavam presos ao tesouro francês, porque os países francófonos estão presos no Franco Africano até hoje.
Tarifas são ruins. Barreiras não tarifárias são ruins.
Tarifas só beneficiam as oligarquias dos países que se fecham.
O mundo só tem a lucrar negociando a retirada de tarifas e barreiras.