IRÃ SE MOSTRA

Na noite do dia 13 de abril de 2024 o Irã atacou de surpresa o estado de Israel com 170 drones, 120 misseis balísticos e mais 30 mísseis de cruzeiro.

Uma operação gigantesca, coordenada com lançamentos a partir do norte do Irã, sul do Irã, Yemen, Syria e Líbano que teve pouca destruição em Israel com apenas uma vítima com ferimentos e expectativa de recuperação completa. Dos mais de trezentos mísseis, apenas sete atingiram uma base no sul de Israel.

O ataque marca a guerra declarada entre Israel e Irã, que agora não mais mente usando o Hamas ou Hezbolah como cobertura para seus ataques e apresenta o recibo que todos estavam esperando: O Irã estava por trás dos ataque de 07 de outubro de 2023 onde milhares de Israelenses foram mortos, mulheres foram estupradas e crianças decapitadas e pessoas foram mutiladas.

A aparente falta de sucesso em destruir alvos em Israel fomenta um mistério. Será que o sistema de defesa de Israel é tão eficiente assim? O que aconteceu realmente?

Há relatos que caças do Reino Unido participaram do esquema de defesa contra os drones Iranianos e que o número de aeronaves disponíveis na região vai aumentar, para ajudar a defesa de Israel, segundo o primeiro ministro Rishi Sunak. Os Americanos também ajudaram na detecção dos mísseis e no seu abate. Algumas agências de notícias dizem que a Jordânia também colaborou com a defesa de Israel.

MOTIVAÇÃO IRANIANA

Qual seria a motivação iraniana para realizar um ataque que não atinge quase nenhum alvo militar e que coloca toda a região passíva de represálias?

Uma das respostas é fim da proposta de troca de reféns do sequestro de 07 de outubro de 2024. Lamentavelmente é muito provável que os reféns não estejam mais vivos e por isso a recusa do Hamas de permitir a visita da Cruz Vermelha ou do Medecins sans Frontiere para cuidar da saúde dos reféns e realizar o cessar fogo.

É muito difícil cuidar de dezenas de reféns e o Hamas não consegue sequer cuidar da população de Gaza. As reféns libertadas no primeiro cessar fogo foram molestadas sexualmente pelos seus captores do Hamas. Esta informação é mantida como “sigilosa” por que despertaria sentimentos anti-islâmicos e ataques islamofóbicos. Lamentamos novamente que o estupro seja usado como arma de guerra e que os orgãos de direitos humanos na ONU – sob direção atualmente pelo Irã – se recusem a reconhecer o crime de guerra. Temos certeza que os muçulmanos honrados deploram o estupro.

A segunda causa para o ataque é a fraqueza do regime iraniano e a necessidade de unificar o país em torno de um inimigo externo.

O Irã é uma república islamico shiita totalitária com características próprias de extremismo religioso. A autoriade do país é religiosa, apesar de existir um presidente e um forte aparato militar. Há uma guarda revolucionária em paralelo com o exército, uma construção feita para impedir um golpe militar, com a divisão de tarefas internas e externas.

Apesar de rico em petróleo, a busca de protagonismo na região, como o principal líder da Jihad islâmica, transformou o Irã em pária internacional, com o consequente afastamento econômico dos países ocidentais. As sucessivas mentiras a respeito de seu programa nuclear – que o Irã afirma ser para a produção de eletricidade – também levaram a sanções econômicas, só aliviadas pelo governo Biden, com pagamento de 6 bilhões de dólares. E o final das sanções impostas pelo governo Trump.

Essas condições econômicas empobreceram o país que chegou até a racionar gasolina – apesar de ser grande produtor de petróleo – o Irã tem pequena capacidade de refino, importando gasolina.

A população iraniana vive sob um regime totalitário, com problemas econômicos e descontentamento da população com os gastos militares e com terroristas. A inflação de alimentos é de cerca de 40% ao ano e o povo tem empobrecido a uma taxa de 19 a 30% em uma década. 30% da população vive com menos de 7 dólares por dia. A maior parte da população, 70%, não tem acesso contínuo a água potável e a terra arável está desertificando por falta de manejo.

Enquanto isso, o Irã paga centenas de milhões de dólares ao dirigentes do Hamas no Qatar e desenvolve um programa de enriquecimento de urânio, gastando bilhões de dólares.

O presente Aiatolá Ali Khamenei com 84 anos preferiu deixar sem definição de quem será o sucessor. Sua recusa é por conta da formação de fraturas no gabinete, com possibilidades de retaliação aos grupos fora do poder. Khamenei prefere deixar incerto o futuro, temendo ser apeado.

A fraqueza do regime com protestos surgindo até em homenagem a uma estudante morta porque não queria usar o chador – lenço sobre a cabeça – de maneira “própria” leva o regime a uma decisão arriscada. Entrar em guerra com Israel.

Os militares podem estar por trás desta ação, acreditando que conseguiriam um ataque devastador que mudaria a opinião pública Israelense que então ofereceria a paz para o Hamas e Hezbolah. Esse devaneio é tão absurdo que só poderia ser concretizado em um regime totalitário, onde os dirigentes estão desconectados da realidade.

Um último mistério é o pedido do Irã para que esta rodada seja a última rodada de ataques, acreditando que o estado de Israel havia atacado o Irã ao assassinar três comandantes do Irã a serviço de operações fora do Irã. Estes comandantes operavam junto ao Hezbolah e o ataque não foi feito contra a embaixada ou prédio consular. O prédio é perto do consulado, mas não protegido diplomaticamente.

O Irã atacou e terá que arcar com as consequencias do ataque de 7 de outubro de 2023 e o ataque de ontem.

Para o resto do mundo, é uma oportunidade de encerrar o programa atômico Iraniano.

REFERENCIAS

RAF shot down ‘a number of drones’ in Iran’s attack on Israel | Politics News | Sky News https://news.sky.com/story/raf-shot-down-a-number-of-drones-in-irans-attack-on-israel-pm-confirms-13115066

Amit Soussana: Israeli woman who was held hostage by Hamas speaks out on her abduction and sexual assault in Gaza | CNN https://edition.cnn.com/2024/03/26/middleeast/amit-soussana-israeli-hostage-hamas-sexual-assault-intl/index.html#:~:text=Earlier%20in%20March%2C%20the%20United,that%20those%20currently%20held%20captive

Israel on edge for Iranian retaliation after embassy strike | Reuters https://www.reuters.com/world/middle-east/israel-edge-iranian-retaliation-after-embassy-strike-2024-04-12/