A UCRÂNIA NÃO SE RENDE E A RÚSSIA É INCAPAZ DE SE IMPOR
A invasão Russa na Ucrânia cada vez mais se distancia do sucesso. Hoje se pode dizer que a menos que a Russia anexe a totalidade da Ucrânia, a guerra será considerada um fracasso para o povo Russo.
A promessa de uma operação especial que iria durar poucas semanas e que seria consolidada em poucos meses se revelou uma mentira. A expectativa dos Russos era que a população da Ucrânia fosse aderir aos invasores Russos e iria hostilizar suas forças armadas. Isso aconteceu ao contrário: os Ucranianos apoiaram seus próprios soldados e muitos homens se ofereceram como soldados voluntários.
O presidente Volodimir Zelensky se mostrou também corajoso e não fugiu, como esperavam os Russos e as Viúva Soviéticas.
GOVERNO TRUMP
O presidente eleito Donald Trump é famoso por suas bravatas. Uma das bravatas que será cobrada agora é o final da Guerra da Ucrânia. Ainda pré-candidato, Trump disse que iria acabar com a guerra em 24 horas, por meio de uma chamada telefonica.
Essa bravata será cobrada. Acredito que Trump irá simplesmente desprezar a bravata e usar o tempo a seu favor para resolver a guerra. A alternativa é complicada e envolve muito risco.
Se Trump decidir acabar com a guerra imediatamente, será com o desdobramento imediato de uma solução radical.
A primeira seria forçar a Ucrânia a aceitar um cessar fogo mediante as condições Russas, ou seja, ceder todo o território do Dombass e talvez algo mais, incluindo o pagamento de indenizações à Russia.
A segunda seria ajudar a Ucrânia com mais material bélico forçando a Rússia a negociar a paz. Essa estratégia tem o risco de desencadear uma escalada militar com eventual uso de bombas atomicas por parte de Putin, que perdendo a guerra, estará condenado. O risco do uso de bombas atômicas é baixo, porque o uso de um artefato atômico será malvisto por toda a comunidade internacional, mas é possível que Putin desencadeie uma guerra nuclear, que apagaria seu fracasso na guerra da Ucrânia por uma guerra nuclear ser muito maior. A destruição é tão grande que o risco não é desprezível.
Putin ao usar armas atômicas pode conseguir uma pequena extensão de meses de seu mandato, mas vai solidificar a imagem da Rússia como uma nação que ataca para conquistar território com estratégia de terra arrasada, uma imagem indesejável para um país que está sempre a cinco anos de colheitas ruins por conta da irregularidade de chuvas e que precisa adquirir alimentos no mercado externo. A Rússia já é um pária internacional.
Na hipótese improvável que uma arma nuclear tática seja usada, os países signatários do memorando de Budapest irão agir para cumprir a letra do acordo, o que implica em proteger a Ucrânia de ataques nucleares. A Rússia se nega a aceitar que assinou o acordo, porque a assinatura não representa a Rússia atual. Uma arma maior, destruindo a capital Kiev inicia a preparação para uma guerra com mais países. O uso de bomba atômica na invasão da Ucrânia vai despertar a Polônia.
Não se deve esquecer que a Polônia só não entra na guerra da Ucrânia porque é parte da OTAN e não tem a liberdade de sair em ajuda à Ucrânia sem o acordo dos outros participantes da aliança. O compromisso anti Rússia da Polônia é simples. Se a invasão da Ucrânia for bem sucedida para Putin, o próximo alvo serão os países Bálticos e Polônia. Por isso, a Polônia é quem mais contribui com a Ucrânia, inclusive contribuindo mais do que Estados Unidos ou União Europeia em percentual do PIB. Em caso de um ataque nuclear Russo contra a Ucrânia, a Polônia pode incrementar a ajuda à Ucrânia ao ponto da Rússia atacar a Polônia, ativando a cláusula V da Convenção da OTAN, criando a guerra entre OTAN e Rússia.
O melhor que Putin faz é não usar armas nucleares e também não aumentar a destruição da Ucrânia.
Quem acha que Putin tem direito de usar armas nucleares porque tem medo de Trump precisa conseguir explicar como funciona seu pensamento. Putin invadiu a Ucrânia duas vezes. Isso após negociações diplomáticas removerem todos os armamentos nucleares sob controle da Ucrânia. A Rússia exigiu e conseguiu a renúncia da Ucrânia sobre as armas nucleares e prometeu que não iria nunca, jamais iria invadir a Ucrânia.
Desde a independência da Ucrânia a Rússia manteve presidentes fantoches na Ucrânia, financiando campanhas políticas e também cometendo atentados contra os candidatos. Quando houve a revolução Laranja que removeu o presidente pró-Putin, a Rússia invadiu a Ucrânia pela primeira vez. Novamente uma negociação diplomática aceitou a promessa de Putin de não invadir a Ucrânia – de novo – em troca da península da Criméia, onde há a base militar de Sebastopol.
Novamente, com um presidente independente, a Rússia resolve invadir novamente a Ucrânia para anexar todo o território Ucraniano para a Rússia.
Não há tratado de paz possível com os Russos. Cada papel assinado não vale a tinta com que foi assinado a sanha imperialista Russa é antiga e não dá sinais de diminuir. Atualmente há problemas com a Georgia, onde Putin tenta interferir na eleição.
Uma alternativa pouco provável, é a ameaça de intervenção direta dos Estados Unidos na guerra, com soldados e força aérea atuando diretamente no território Ucraniano e talvez território Russo, com desdobramentos imprevisiveis. Esta alternativa não é factível, posto que seria necessário o apoio dos países da OTAN para que os Estados Unidos tivessem uma base de onde operar. O uso de porta-aviões contra a Rússia é contra-indicado, porque a Rússia tem como atingi-los à distância por via aérea e com submarinos caçadores de porta-aviões.
CRISE INTERNA RUSSA
A Russia tem problemas internos. A economia está parando por completo. A única parte que funciona bem é a economia de guerra que produz armamentos e alimentos para os soldados. Essa parte funciona porque o estado Russo paga os fornecedores diretamente.
O resto da economia está com problemas. A inflação oficial está em 20%, mas já há desabastecimento nos supermercados. As importações estão restritas porque as sanções economicas estão fechando o acesso e porque o Rublo Russo está inconversível. Desde dezembro de 2024 o Banco Central Russo não converte mais Rublos, paralizando a queda da cotação impedindo a compra e venda de moedas.
As famílias Russas também estão menos dispostas a continuar com a guerra. Há cerca de 700 mil homens entre 18 e 30 anos mortos ou mutilados que não mais irão trabalhar. Isso é um peso gigantesco para as famílias e para a previdência social Russa, que vai ter que pagar pensões às viúvas e aos mutilados. Isso se compara com a incapacidade do exército Russo de conquistar a Ucrânia, prêmio que poderia valer a pena no passado, mas que se tornou praticamente impossível agora.
Cada vez mais o povo Russo percebe que Putin errou na avaliação da invasão e que os generais mentiram a respeito de como a guerra iria se desenvolver. Todos achavam que em poucas semanas a Ucrânia seria conquistada. Agora, uma região importante – Kursk – foi invadida pelos Ucranianos e o exército Russo é incapaz de expulsa-los.
Há notícias de que protestos possam surgir contra Putin nas capitais. Se Putin mandar o exército contra os protestos, com matança generalizada, isso pode desencadear um movimento para afastar Putin do poder e acabar com a guerra da Ucrânia.
REFERÊNCIAS:
Understanding the Risk of Escalation in the War in Ukraine | RAND