COMO A RESISTÊNCIA MILITAR UCRANIANA SALVOU O MUNDO DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL
A Russia invadiu a Ucrânia com expectativa de conquistar a capital Kiev em duas semanas, oferecer asilo para o presidente Volodimir Zelensky e anexar todo o território da Ucrânia para a Russia.
Ao contrário das expectativas dos generais russos, Zelensky não aceitou a oferta de asilo, se vestiu com uniforme de guerra e conseguiu atrasar a conquista da Ucrânica por quase três anos. É claro que o exército Ucraniano não fez tudo sozinho. Uma legião de voluntários e de militares da ativa de vários países foram enviados para lutar junto aos Ucranianos contra o exército invasor Russo.
Os Estados Unidos, como garantidor explícito da soberania Ucraniana – Memorando de Budapest – tem obrigação de ajudar na defesa da Ucrânia, assim como o Reino Unido e a França e surpreedentemente a China Comunista. É claro que a China Comunista violou o tratado e tomor partido do exército invasor e ajuda a Russia na guerra. Há países que dificilmente honram os tratados assinados.
A ajuda Americana na guerra inclui dinheiro e também armamentos. Desde drones até jatos F-16 foram incluidos na ajuda Americana. Para os Estados Unidos foi uma ótima oportunidade de dar uso aos howitzers antigos que mantinham em estoque e sua munição, ainda do século passado. Apesar de antigos, essa munição e howitzers funcionaram muito bem na guerra, permitindo que o avanço Russo fosse estancado.
Há quem acredite que a guerra foi fomentada pelo complexo industrial militar dos Estados Unidos. A resposta correta é que a Russia tem um complexo industrial militar mais significativo e hoje a Rússia é uma economia militar, com o maior orçamento da Rússia voltado à guerra. Os Russos começaram a guerra.
A Ucrânia, para quem não conhece, tem uma grande quantidade de indústrias bélicas, sendo a sede da empresa Antonov, famosa pelos aviões de carga militares e eventualmente civis. No total, a Ucrânia era 17% da industria bélica Soviética e 25% da pesquisa científica. A Ucrânia também fabricava alguns dos armamentos nucleares da União Soviética.
Com essa tradição tecnológica os Ucranianos conseguiram inclusive fazer upgrades nos lançadores de mísseis terra-terra que ganharam dos Estados Unidos, colocando sistemas de navegação modernos nos mísseis da década de 1990 que ganharam.
GUERRA ECONÔMICA
A Rússia embarcou na guerra sabendo que haveria sanções, mas acreditava que a Alemanha, dependente do gás natural importado da Rússia iria ser sua aliada passiva – igual aconteceu na Segunda Guerra Mundial.
Ao contrário do que se imaginava, o serviço secreto Ucraniano conseguiu explodir o gasoduto Nordstream II e eliminar a possibilidade dos Alemães continuarem pagando bilhões de dólares mensalmente para os Russos manterem a guerra. A sorte da população Alemã foi que o inverno de 2022 e de 2023 foram suaves e as temperaturas não foram tão baixas. Isso aliviou o mercado de hidrocarbonetos, permitindo que a Alemanha conseguisse obter gás natural de outras fontes, como os Estados Unidos, Qatar e Emirados Árabes Unidos a partir de Gas Natural Liquefeito.
A China Comunista e a Índia foram colaboradoras dos Russos até o meados deste ano, mas com o medo de perderem acesso ao mercado Americano por conta das sanções contra a Rússia, pararam de comprar petróleo Russo. Primeiro pararam de pagar em dólares, depois diminuiram a compra de petróleo, porque o preço internacional está abaixando e o risco deixou de valer a pena.
A Ucrânica também revolucionou o uso de drones militares. Passou a usar drones como armas anti-tanques. Essa modalidade se revelou muito eficiente porque os drones são relativamente baratos – milhares de dólares – e destroem os tanques de guerra – centenas de milhares de dólares – à distância, sem por em risco os pilotos que ficam protegidos na retaguarda.
Os ataques com drones Ucranianos também atingiu várias das 47 refinarias de petróleo da Russia, que teve que suspender a exportação de derivados de petróleo porque não consegue mais abastecer seu mercado interno e o uso militar de Diesel.
DINÂMICA DA GUERRA
A Ucrânia não está ganhando a guerra, mas a Russia está perdendo a guerra. Isso acontece porque os Europeus conseguiram fazer da Ucrânia uma região de proteção, onde o exército Russo vai se desgastando rapidamente, sem perspectiva de acabar com a guerra.
A Europa manda armamento suficiente para a Ucrânia manter a Rússia longe de Kiev, mas não o suficiente para que Vladimir Vladimirovich Putin escolha usar uma bomba nuclear, para evitar a derrota.
Uma derrota da Rússia para a Ucrânia pode significar prisão e execução dos dirigentes, quando um novo governo for escolhido na Rússia após a derrota. A estimativa é que entre 200 mil e 300mil soldados Russos tenham perdido a vida ou ficado incapacitado permanentemente nesta guerra. Isso significa que além desses homens entre 18 e 30 anos não produzirem mais nada, suas famílias receberão pensões vitalícias por sua morte, criando um déficit no sistema de previdência.
Esse problema impede a negociação de paz nesta guerra. Putin precisa de um prêmio para apresentar para sua população e a promessa era de anexar a Ucrânia em duas semanas, quase sem perdas de vidas Russas. Hoje só a conquista da Ucrânia satisfaria a opinião pública na Russia, dado a quantidade de mortes dos soldados Russos.
TRATADOS DE PAZ
Ninguém quer assinar um tratado de paz com Putin. Seu nome em um documento não tem valor algum. A Rússia violou o Memorando de Budapest de 1991 e também violou o Acordo de Misk de 2014.
A única forma de obter um tratado de paz é com a criação de uma zona desmilitarizada na região de Donetz. Essa faixa teria cerca de mil quilometros de largura e seria patrulhada por tropas internacionais permanentes, igual existe na ilha de Chipre e no paralelo 38, entre Coréia do Norte e Coréia do Sul. Esse acordo pode implicar na entrada da Ucrânia na OTAN.
Esses termos são hoje inaceitáveis para Putin, que acredita que a região toda deva ser anexada pela Rússia, restaurando os limites do império Russo ou ainda do império da finada União Soviética.
Essa visão impede um acordo de paz pelos Europeus, uma vez que Putin quer restaurar a fronteira de influência, significa que Putin quer anexar todos os países Bálticos – Latvia, Estônia e Lituania – e também a Polônia, Hungria, Georgia, Belarus e parte da Alemanha que era a Alemanha Oriental. Para Putin a Finlândia também é historicamente Russa e deve ser anexada.
A Finlandia é hoje participante da OTAN e um ataque à Finlândia implica na convocação do Artigo V da aliança, levando a uma guerra mundial.
O TEMPO CORRE CONTRA PUTIN
A Ucrânia precisa resistir por mais alguns meses. Com a chegada do inverno na Rússia a população deve ficar mais insatisfeita com Putin.
A chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode reduzir a contribuição Americana para a defesa, mas essa pode ser facilmente compensada com a maior participação Francesa no fornecimento de armamentos, coisa que Macron planejou desde o início da guerra da Ucrânia.
Se Trump obrigar as partes a um acordo de paz, a matança acaba neste momento, mas ninguém acredita na palavra de Putin ou dos Russos em acordos, portando a opção de tropas internacionais na região se fortalece. Sem anexar a Ucrânia, Putin volta de mãos abanando para enfrentar a opinião pública da Rússia.
GEORGIA
Para complicar ainda mais a vida de Putin a população da Georgia, ex-república Soviética está protestando contra a manipulação Russa nas eleições.
A Rússia no passado recente teve que mandar tanques invadirem a Georgia cuja população tem expectativa de se unir à União Européia e se afastar da Rússia. Se houver uma nova invasão na Georgia, os Russos terão que gerenciar mais uma frente de batalha complexa, com militares lidando contra civis, que pode resultar em um massacre.
SÍRIA
Com o enfraquecimento dos Russos e a guerra contra os terroristas do Hezbollah e do Hamaz executada por Israel, os Russos estão sob demanda de ajudar Bashar Assad, o ditador da Síria, que corre o risco de ter a capital invadida ainda este mês de dezembro de 2024. Os rebeldes da ex-al kaida, ex-Isil, se reuniram e conseguiram conquistar a segunda mais importante cidade Síria, Allepo. A perda de cidade é um golpe sério no governo de Assad e os Russos precisam cuidar para não perder o controle, porque a Síria é uma das alianças estratégicas que os Russos planejaram para ter acesso ao mar Mediterrâneo, um sonho antigo Russo.
A UCRÂNIA LUTA PELA SUA INTEGRIDADE TERRITORIAL E SALVOU O MUNDO
Temos que agradecer aos Ucranianos pelos seus sacrifícios nesta guerra. Lutaram por seu território mas salvaram o mundo da ganancia megalomaníaca de Vladimir Putin.
O desgaste desses três anos de guerra impedem que Putin avance sobre a Europa e deflagre a terceira guerra mundial.
REFERÊNCIAS:
Ukrainian team blew up Nord Stream pipeline, claims report | Ukraine | The Guardian